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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O DIA DE SÃO BARTOLOMEU E O MASSACRE "EM NOME DE CRISTO": ANTES E DEPOIS!



 Depois da noite da crucificação e morte de nosso Senhor Jesus Cristo,  aconteceu uma outra noite de densas trevas, como nenhuma outra na história do cristianismo: Foi a noite de 24 de agosto de 1572, um sábado sombrio, quando o Palácio da Justiça de Paris marcou 23 horas. Nesse exato momento começou o massacre dos huguenotes. A história registra, que o sangue correu pelas sargetas das ruas de Paris. Os mortos assassinados foram jogados no Rio Sena, enquanto seus familiares gritavam e choravam. Está completando 540 anos!
       O massacre durou vários dias, deixando um saldo de mais de 25.000 assassinados, embora alguns historiadores calculam, que o número de mortos tenha chegado a 100.000.
         Todo o massacre foi resultado de fanatismo religioso, ódio e violência, manobras políticas e religiosas, exílio, covardia, loucura e anarquia dos católicos diante da Confissão Religiosa, coragem, fé e dedicação a Cristo  dos protestantes da época.
          Historiadores concluem, que o movimento iniciou-se no dia 31 de dezembro de 1512, com a publicação do Comentário das Epístolas de Paulo, de autoria de Jacques Lefèvre, de 57 anos de idade, um professor da Sorbone, nas cidade de Paris.
         Lefèvre profetizou, que Deus faria um grande movimento de salvação na França, e que esta salvação  poderia ser conseguida pela GRAÇA DE DEUS somente. Muitos dos seus alunos encheram-se de entusiasmo e começaram a buscar um Evangelho mais autêntico. Alguns dos seus alunos que se destacaram nessa busca foram Guilherme Budé, Guilherme Briçonnet e Guilherme Farel. O método de interpretação bíblica de Lefèvre era gramaticalmente.
         Poucos anos depois, no dia 1º de novembro de 1517, na Alemanha, mais ou menos ao meio dia, um frade por nome Martin Luther,  nascido em Eisleben, 10 de novembro de 1483  e falecido em  18 de fevereiro de 1546, sacerdote agostiniano e professor de teologiaencontrando uma Bíblia escondida no mosteiro, descobriu, que as indulgências não tinham nenhum valor, e que o perdão dos pecados pode ser alcançado somente através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo. Desta maneira afixou na porta da Igreja do Castelo, em Wittemberg, uma série de teses, protestando contra o abuso da Igreja Católica Romana.
      Em 1516, sob a liderança do bispo Guilherme Briçonnet, de 52 anos de idade, começa a desenvolver-se um novo cristianismo, que em 1524 já fazia história. Numa parceria com Jacques Lafèvre e de Guilherme Farel, o bispo faz uma excelente reforma nas congregações cuidadas por ele. Os sermões passam a ter fundamentos bíblicos e os camponeses e os tecelões começam a ter acesso à Bíblia e começam ler a Sagrada Palavra de Deus. As igrejas e as pessoas passaram por grandes transformações. A história começa a registrar muitas conversões, inclusive de Margarida de Navarra, irmã do Rei Francisco I. Nesta época Lefèvre publica o Novo Testamento em francês, enquanto as publicações de Lutero, traduzidas para o francês são largamente lidas.
        Algo fantástico aconteceu em 1534: aparece  no cenário cristão O filho do advogado Gerard Calvino, chamado João Calvino, com 25 anos de idade, um moço bem letrado, tendo estudado o grego, o hebráico, o latim, filosofia, dialética e direito, em Paris, Orleãens e Bourges. Nessa época Calvino já havia publicado o Comentário ao Tratado de Sêneca Sobre a Clemência (1532). Calvino se converte. 
        Pelos meados de outubro de 1534, cartazes confeccionados em francês, foram colocados em paredes das principais ruas de Paris, Orleãens e Blois Amboise. Um desses cartazes fora afixado na porta do próprio rei. O cartaz condenava a missa católica-romana. O rei Francisco I, tomando algumas providências fatais e generalizadas manda para a prisão muitos protestantes, que também foram queimados. A partir dalí acabou-se qualquer segurança para os protestantes na França, país que na época contava com quinze milhões de habitantes. O rei acusa os protestantes de anárquicos que não deveriam ser tolerados. Houve grande perseguição, e devido a isso muitos protestantes saíram do país, porém, muitos defensores da reforma ficaram protegidos na cidade de Nérac, ao sul da França. Até mesmo João Calvino foge da França.
        Em 1536 João Calvino, com o nome fictício de Martinius Lucanius, escreve em latim, Istituição da Religião Cristã, que foi publicado em Basiléia, na Suiça alemã. Este livro, considerado o que há de melhor em todos os tempos na Teologia Reformada, um dos seus exemplares foi enviado ao rei Francisco, com um prefácio desejando paz e salvação em Cristo.
        O Castelo de Vilvorde transformou-se na penitenciária dos países baixose alí no dia 7 de outubro de 1536, depois de um julgamento que durou um ano e quatro meses, estrangularam publicamente o protestante William Tyndale, de 42 anos. Por incrível que pareça, a acusação desferida contra Tyndale foi a tradução da Bíblia para a Lingua Inglesa, e ainda o tráfico da Bíblia para a capital inglesa.Esta tradução da Bíblia, impressa ocultamente na Alemanha, fora feita de forma bem simples e na linguagem popular inglesa e ao alcance de todos.
 I     Com 63 anos de idade, em 18 de fevereiro de 1546 morre em sua casa em Eisleben, na alemanha, Matinho Lutero, tendo sido sepultado na Igreja do Castelo, em Wittemberg, onde ele mesmo havia afixado as suas teses contra as indulgências.
     Em 1553 foi queimado vivo, em Genebra, o médico espanhol Miguel Serveto, de 42 anos de idade. A acusação que pesou sobre Serveto foi de heresia de negar a Trindade Divina e a divindade de Jesus Cristo, era um adivinhador através das estrelas e divulgava, que "o papa era a mais vil de todas as bestas, e a mais descarada das meretrizes". Escreveu Restituição do Cristianismo, obra que provocava Calvino.
      Há algo interessantíssimo na história de Miguel Serveto: ele foi perseguido e condenado pela Inquisição Espanhola; adotando uma identidade falsa, viveu sem ser descoberto pela Igreja Católica por 20 anos, mas depois disso, apareceu em Genebra, sendo preso, julgado e condenado, desta vez, pelos protestantes que deveriam defender a vida.
      No dia 22 de julho de 1555, com a ajuda do Almirante Gaspar de Coligny, e patrocinados pelo rei Henrique II, na época com 36 anos, três navios comandados por Nicolau Durant de Villegaignon, saiu de Hâvre-de-Grâce com destino ao Brasil, trazendo mais de 600 pessoas de classes nobres, artesãos, soldados, criminosos, padres e agricultores, padres e protestantes, com as prerrogativas de propósitos comerciais, mas com a intenção de fundar uma colônia que pudesse dar abrigo aos protestantes  perseguidos na França. Alguns anos mais tarde, por volta de 1558, Villegaignon traiu os protestantes.
       Nos dias 25 a 29 de maio de 1559 reuniu-se  em Paris, o Primeiro Sínodo Geral da Igreja Reformada da França, com a presença de onze igrejas: Paris, St. Lô, Angers, Tours, Dieppe, Orleans, St. Jean d'Angely, Poictiers, Saintes, Marennes, Châtellerault. O presidente eleito foi François Morel. Alicerçados nos ensinos de João Calvino, o Concílio adotou um credo presbiteriano como a forma de governo da Igreja nos padrões de Calvino. Nesta época calculava-se a existência de aproximadamente 400.000 huguenotes na França. Huguenotes eram todos os protestantes que habitavam na França.
       Em 1563 foi realizado o Concílio de Trento, na Catedral de Trento, ao norte da Itália. O Papa Paulo III, que havia falecido em 1549, foi quem  inicialmente convocou esse  Concílio. Este concílio reafirmou todos os ensinos rejeitados pela Reforma, como a Transubstanciação, existência do Purgatório, invocação dos "santos", intercessão dos "santos", adoração de imagens, a prática das indulgências, etc.
         O lado curioso desse período em que realizou-se o Concílio de Trento foi que a igreja teve como papas: Paulo III, Júlio III, Marcelo II, Paulo IV e Pio IV.
         A guerra religiosa travada entre católicos e protestantes só encerrou-se em 1570. Porém, no dia 31 de agosto de 1572, a rainha-mãe, Catarina de Médicis, de 53 anos, juntamente com os seus partidários católicos, ordenou uma grande chacina geral de protestantes franceses. O massacre iniciou-se no dia 24 de agosto de 1572, Dia de São Bartolomeu. às 23 horas, diante do badalar dos sinos do Palácio da Justiça de Paris,  os católicos, com uma faixa de pano branco no braço e uma cruz branca no chapéu, colocaram uma tocha em suas janelas que davam para a rua, para não se cometer algum engano contra os católicos. É dito, que só em Paris, no primeiro dia de assassinatos contra os protestantes, houve 2000 vítimas, enquanto em toda a França dizem ter assassinado um número que pode ter chegado a 100.000. Em Lyon nenhum protestante ficou vivo! Após os massacre os romanos gabaram-se de terem assassinado 12.000 em Orleans, de terem picado com machado centenas em Toulouse, mais de 6.000 em Ruão. 
       O fato mais deplorável após o grande massacre, foi a realização de um Te Deum, em "ação de graças" e o papa Gregório XIII enviando felicitações à Catarina de Médicis.
         John Knox, discípulo de João Calvino,  introduziu o sistema presbiteriano na Escócia e faleceu com 57 anos de idade.
         Em 1576, com o apoio da Espanha e do papa, organizou-se na França a "Santa Liga",também com o nome de "Santa União" um movimento católico para combater os protestantes e, também, neutralizar os católicos menos radicais que defendiam o advento de uma paz definitiva entre católicos e protestantes.
         Outra grande guerra civil entre católicos e protestantes foi deflagrada em 1585. Essa guerra ficou conhecida como a Guerra dos três Henriques, porque envolvia Henrique III (rei da França), Henrique de Guise (chefe da Santa Liga), e Henrique de Navarra (protestante). As razões para essa guerra provavelmente foram de ordem política.
       Com 38 anos de idade, em 1588, por ordem de Henrique III, foram assassinados, por motivos políticos, Henrique de Guise e seu irmão Luíz,e, em 1589 morreu Catarina de Médicis, com 70 anos de idade.
       Um lado interessante da história de Catarina de Médicis é que era descendente de família famosa e próspera de banqueiros de Florença, Itália; foi esposa de Henrique II, que governou a França de 1547 a 1559 e ainda foi mãe de três outros reis franceses: Francisco II (1559-1560), Carlos IX (1560-1574) e Henrique III (1574 em diante); Ela era parente dos papas Leão X (1513-1521) e Clemente VII (1523-1534). Foi Catarina de Médicis quem ordenou a matança dos huguenotes em 1572.
       Como as coisas mudam! O protestante Henrique Navarra, foi transformado em Henrique IV e tornou-se o governador pleno da França em 1592. Em 1593 Navarra entra triunfalmente na Igreja Católica Romana, na Catedral de Saint-Denis, e genuflexo jura ter abandonado os protestantes com toda a sua heresia.
       Nem tudo foi tão ruim assim na história de Henrique IV, pois, ele assinou um decreto, no qual garantiu vários direitos aos protestantes, tais como:  liberdade de consciência, liberdade de culto, direitos civis, segurança pessoal, acesso a qualquer universidade, escola, hospital ou repartição pública. Devido a esse decreto a França abriu dianteira em assunto de tolerância religiosa.Em 1610 Henrique IV, com 57 anos de idade,  morreu assassinado por um monge chamado François Ravaillac, de 32 anos de idade. 
       Felipe II morreu aos 71 anos de idade, em 1598, convicto de ter servido a Deus, procurando exterminar os protestantes na Europa, principalmente na Espanha, França e Países Baixos.
       Em 1612, Daniel de La Touche, senhor de La Ravarlière, seguidor das doutrinas calvinistas, comandou um grupo de 500 colonos, muitos dos quais eram  huguenotes, e ainda vários padres franciscanos, que vieram para o Maranhão, com a finalidade de difundir a fé católica na região. Em 1616 a maior parte dessa gente retornou à França, expulsada pelos portugueses e derrotada na chamada  Batalha de Guaxenduba, em novembro de 1614. Só permaneceram no Brasil os franceses que se casaram com índias.
        A situação voltou a piorar para os protestantes, com a revogação do Edito de Nantes, assinada por Luiz XIV. A revogação desse Edito trouxe coisas absurdas para os protestantes: fechamento de escolas protestantes e a demolição de seus templos, imposição do batismo católico e da educação católica para todas as crianças nascidas depois do decreto, etc. O culto reformado tornou-se ilegal na França e os seus pastores foram obrigados a renunciar qualquer atividade atinente ao seu ofício dentro de 15 dias. Esse rei morreu com 77 anos de idade, após governar a França por 72 anos, visto que assumiu o trono com 5 anos de idade, tendo defendido, que os monarcas obtiveram diretamente de Deus o direito de governar.
      Em 1789 uma Assembléia Revolucionária aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Artigos dessa declaração afirmam que todos são livres e iguais quanto à liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão. Essa declaração devolveu aos protestantes o seu direito de liberdade de culto. Em 1792 instala-se a República.
       Creio, que todos já ouviram falar sobre um instrumento de tortura e assassinato, chamado guilhotina. Você sabe qual é a sua origem? Luís XVI,de 39 anos de idade,  rei da França,recebeu uma sentença de pena de morte. Essa pena de morte seria aplicada por meio de guilhotina. Esse era um instrumento sugerido em 1789 pelo médico Joseph Ignace Guillotin, de 55 anos de idade, professor de anatomia na Faculdade de Paris e membro da Assembléia Revolucionária. Era um instrumento de decapitação que levaria o assassinado a uma morte rápida e "piedosa". Também foi assassinada pela guilhotina Maria Antonieta, rainha, filha mais nova de Francisco I e Maria Teresa, soberano do Sacro Santo Império Romano. Fora acusada de ter passado informações militares ao inimigo.A guilhotina passou a ser um instrumento de execução que levou à morte muita gente importante: religiosos, políticos, etc.Dizem, que em pouco tempo mais de 20.000 franceses foram guilhotinados.
        No final da Revolução Francesa a Igreja Católica romana ficou abalada para sempre, devido a perseguição e matança de protestantes e também a forma de catolicismo jesuítico. Centenas de clérigos morreram guilhotinados; a prisão do Papa Pio VI. Ele morreu na prisão, com 82 anos de idade.
       Como resultado de tudo isso, o cristianismo ficou desacreditado na França; muitos foram para o deísmo ou para o racionalismo; outros tornaram-se anti-clericais.O escritor francês Voltaire morreu desgostoso com a intolerância religiosa na França. A Constituição de 1791 outorgou a Liberdade Religiosa na França.
           Em 1903 foi realizada uma cerimônia diferente em Genebra, na Suiça. Seguidores da Reforma do Século XVI, Calvinistas, mandaram colocar uma pedra no alto da colina Champpel, no exato lugar onde o médico Miguel Serveto foi queimado, 350 anos antes, por decisão do Conselho de Genebra, após ter sido acusado de heresia pelo famoso reformador francês. Essa pedra continha confissões de erros praticados pelos calvinistas e pedido de reconciliação.
      Concluindo, é interessante ver, como tantos grupos religiosos sequestram, assassinam e fazem diabruras, em nome da religião e muitos em nome de Deus, ou em nome de Cristo. Até protestantes mancharam a sua história tão bonita de convicção, de esforço e consagração a Deus.
          Ainda hoje  pelos telejornais, pela internet e por todos os órgãos de comunicação de massa, vemos muçulmanos e outros grupos religiosos seguindo essa história de sangue, para impor as suas ideologias religiosas.
          A Palavra de Deus é bem clara: "Deus é o Único que pode dar a vida e o Único que pode tirar a vida!" Como servos dele devemos seguir o que ensina a Sua palavra.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_da_noite_de_S%C3%A3o_Bartolomeu

Nichols Robert H. História da Igreja Cristã
Revista ultimato. Nº 139; julho/agosto de 1981
Walker, Williston. História da Igreja Cristã, vol. I e II           







        


            

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