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sábado, 24 de agosto de 2013

BATERIA NA IGREJA

BILHETE DE SOROCABA
DIÁLOGO DA BATERIA COM O BATERISTA 

PR. JULIO OLIVEIRA SANCHES

Era uma bateria usada,  sofrida pelo tempo, cansada de apanhar.  Todos que se aproximavam davam-lhe pancadas. Até as crianças de  tenra idade adoravam bater 
na pobrezinha. Um pequeno descuido dos pais, e, lá  estavam os pequenos impondo-lhe sofrimentos. 
Em  algumas igrejas, cercaram-na com redoma de acrílico  para que seu barulho não  se propagasse. Mas as pancadas continuavam as mesmas. Fortes, sem ritmos, sem  pauta musical, sem piedade.  Mudavam-se as músicas, os  ritmos dos que cantavam,  mas, o baterista continuava do mesmo jeito, sufocando-a  impiedosamente.
Cansada de levar pancadas e verificar que ninguém, dava  importância ao seu labor sofrido, resolveu reagir. Um dia  ouviu que uma mula falou  com um sujeito rebelde. O 
tal de Balaão, que nome! Era  intragável e teimoso. Mesmo  contestando a burra, continuou seu caminho de desobediência. Pelo menos a mula transmitiu a sua mensagem de repúdio ao teimoso e  renitente Balaão.
 Quem sabe  o baterista não seja tão teimoso, pensou. Após analisar os prós e contras, resolveu falar. 
Afinal suas irmãs, nas grandes e sofisticadas orquestras eram tratadas com carinho 
especial. Os bateristas usavam partituras, algumas de  difíceis execuções. O mais 
importante, ao serem tocadas não cobriam os sons dos  violinos e oboés. A harmonia  era perfeita e gerava nos ouvintes sentimentos de alegria  e gratidão.
Assim um dia, numa Convenção religiosa, reuniu as  forças que lhe restavam e  confrontou o seu agressor. Mandou-lhe a primeira pergunta. Como não recebeu 
resposta, acrescentou-lhe  outras. Em suma: desabafou. Por que você me bate com 
tanta força? Por que não me  toca, apenas? Por que você  não usa partitura? Toda canção tem uma partitura, que  estabelece o ritmo, o tempo  e a intensidade das notas. 
Ah! Você não sabe o que  significam notas musicais,  mas quer tocar bateria? Entendi! Não sabe ler as notas  musicais? Nesse caso seria  interessante um curso de 
formação musical. Uma iniciação musical que o leve a  saber porque existo. Enquanto me bate com tanta força,  alguma vez já levantou os  olhos para ver as expressões 
faciais das pessoas? Veja  aquela anciã. Veja o seu cenho carregado. Os sons que 
chegam aos seus ouvidos  são insuportáveis. É claro  que você nunca leu, jamais 
estudou, tampouco se interessou em saber o que ocorre nos tímpanos humanos. 
Deus criou o ser humano e  estabeleceu limites de acuidade. O máximo que uma 
pessoa normal pode suportar  são setenta decibéis. Ah!  Você é ignorante mesmo. 
Não sabe o que significa  decibéis. DECIBEL: Unidade que serve para avaliar 
a intensidade do som; um  décimo do Bel, 1Bel=1dB,  referência de dimensão aplicada aos sons. Claro você  não entendeu nada!
Na sua fúria de aparecer,  você me leva a produzir mais  de cem decibéis, em cada 
pancada. Algo insuportável  ao ouvido humano. Você  nunca notou que empregados de grandes fábricas usam  protetor auricular? Mesmo  assim são levados a aposentadoria antes do tempo, vítimas  que são da surdez. O ser  humano não foi criado para  o barulho. Observe a natureza. Seus sons são suaves. 
Ah! Você está se espelhando  naquelas duplas e solistas  que vivem em disputa para 
ver quem grita mais alto?  Tenho certeza, que se fossem  mais melodiosos e suáveis, 
venderiam mais. Há muitos  que abandonam o auditório  quando eles “cantam”, ou 
melhor, gritam. Mas, querido  algoz, não basta olhar apenas  o semblante da anciã. Veja  as crianças que colocam as  mãos nas orelhas, tentando  abafar o som. Significa que  você ultrapassou os limites  determinados pelo Criador do ouvido. Veja como as pessoas enrugam as testas. Significa mecanismo de defesa. 
Tudo isso poderia ser evitado  se você, baterista, me tocasse usando uma pauta musical,  uma partitura e conhecesse  os mistérios da boa música.
Desculpe o meu monólogo, continuou a bateria.  Afinal, você não respondeu. 
Você me ouviu, ou está surdo? Sim, eu sei que você e  sua geração estão perdendo a 
capacidade de ouvir. É triste! 
Caso todas essas questões  não sirvam de despertamento  para uma produção musical  melhor, faço-lhe um último  apelo: Diga aos organizadores de Convenções, Congressos, dirigentes de louvor,  líderes de igrejas, que providenciem protetores auriculares para os ouvintes.
Por favor, toque-me, não  me bata com tanta força. Sou  frágil. Estude música. Faça 
um curso e aprenda a tocar  bateria. Eu agradeço e os  ouvintes também agradecem.


Fonte: www.pastorjuliosanches.org

Divulgaçao: Esta postagem está em  O Jornal Batista de 25/08/2013, que já está circulando


Postado por Pr. José das Graças Silva Oliveira


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